Uma derrota humilhante, sofrida, triste e preocupante. 21 dias separando da partida seguinte, e do começo do 2º turno. Neste período, muitas dúvidas, contestamentos, pensamentos, críticas e uma pergunta: será que realmente somos tudo aquilo que pensamos?
Aproveito, já no começo do texto, para dizer que essa crítica não está sendo feita em um momento de oportunismo, e sim de reflexão. Aproveito também para dizer que não sou o dono da verdade, muito menos da história do Clube, apenas faço minhas observações como um mero torcedor fanático.
Já dizia Kimani Maruge, “Temos que aprender com nosso passado. Não devemos esquecer. E temos que ser melhores.” O ponto-chave não é seguido. Historicamente, o contentamento com o pouco virou rotina na Av. Bento Gonçalves. O contentamento com um campeonato regional, falido, que se deteriora ano após ano, diminuindo as expectativas dos clubes ditos como menores, virou rotina na Boca do Lobo. O pensamento pequeno virou marca registrada do Esporte Clube Pelotas.
Desde 2010 não fazemos uma campanha digna no Campeonato Gaúcho, e desde 2001 não ficamos entre os 4 primeiros.
Qual seria o motivo?
Falta de investimento, sendo que de 2002 a 2019, das 19 edições, 11 vice-campeonatos foram do interior, incluindo 1 título? Ou simplesmente falta de competência?
Quem lembra em 2003, quando estendemos uma faixa no portão da Rua Padre Anchieta escrito: “Seremos campeões gaúchos”? Ou da desistência na Série D 2012? E da campanha pífia de 2009?
Nunca conseguimos um acesso nacional, e tampouco conseguimos ficar entre os 15º primeiros de uma série. Poucas participações e todas passaram batidas.
Não digo que devemos esquecer ou desprestigiar aquilo que foi conquistado por gerações passadas, mas devemos sim seguir em frente, ou vamos continuar falando sobre uma Sul-Minas de 18 anos atrás? Vamos continuar falando sobre uma Copa do Brasil de 17 anos atrás, em que não passamos da primeira fase?
No estadual, é a mesma coisa. Nos últimos 20 anos, participamos de 10 Gauchões. Juntando as 10 campanhas, nosso aproveitamento é de 34%. São 152 pontos em 441. 38 vitórias, 38 empates e 71 derrotas. São 179 gols marcados e 223 sofridos, para um saldo de -44. O Pelotas virou um mero coadjuvante, daqueles que não sabem atuar. Fez o seu próprio filme de terror, com capítulos tristes, a cada ano que passou.
O nosso próprio ego nos sufoca, campeonato após campeonato, ano após ano, decepção após decepção. Fracassos acumulados em âmbito estadual e nacional.
Merecemos nos orgulhar de um suposto “patrimônio invejável”, por ter um parque em que temos somente um campo para treino, sem a estrutura necessária para chamarmos de centro de treinamento?
Não somos a terceira força faz muito, muito tempo. Talvez, nem a quarta ou quinta. O tempo passa e nós estamos ficando para trás.
O futebol muda, as prioridades mudam, as gerações passam e não querem saber de passado.
Não devemos esquecer Ademir Alcântara, Mário Reis, Flávio Minuano, Flávio Dias, entre outros craques, devemos nos inspirar para construir novas gerações de ouro. E aí caímos no assunto da categoria de base. Mas… que base? A que desistiu do Campeonato Gaúcho deste ano? A que nunca foi valorizada pelo Clube? Nossa última “prata da casa”, foi o Michel Bastos. A base gera renda, visibilidade, craques baratos e rentáveis futuramente, mas parece que o Clube da estrutura invejável não liga, ou não precisa disso.
Não devemos nos iludir com conquistas de segundo semestre. Não devemos usar como parâmetro, mas devemos sim nos orgulharmos, pois é o que nos resta. Hoje, estamos no mesmo nível das equipes participantes da Copa FGF. Infelizmente.
A vida continua. Nossa evolução, comparada a 2016, foi enorme. Melhoramos em alguns aspectos, mas continuamos pecando em outros pontos. Alguns cruciais e históricos.
Agora, temos um turno inteiro pela frente, para tentarmos sair da degola. Mais à frente, temos uma Série D, onde as expectativas abaixam a cada jogo.
Seguimos firmes. A nossa história é muito, muito rica.
Hoje, não somos tudo isso, mas ainda podemos voltar a ser.
Pelotas, 10/02/2020.
7 comentários
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Realmente vale uma reflexão. A diretoria tem uma capacidade de formar times medíocres quando comparado a outros clubes no gauchão. Como eles conseguem formar times melhores? Competência para buscar atletas de melhor técnica? Aproveitam toda a verba do Gauchão e o Pelotas já a utilizou antes do campeonato?
A diretoria do Pelotas trás jogadores que parecem aqueles que sobraram e porque nenhum cube os quer.
É lamentável. A série D está próxima. E para isto esperamos que pensem como gente Grande. Para competir na série D será preciso um time de série C e na pior das hipóteses de um time de Gauchão.
Atualmente, uma vitória mascara a realidade que somente enxergamos na derrota. Mas algo de errado está acontecendo na Avenida. Alguns jogam bem um dia e mal em outro. E erros bisonhos como se entregassem o jogo. Aguardemos.
👏👏👏👏👏os “dinossauros” que se dizem entendidos de futebol da diretoria deviam ler isso e fazer tbm essa reflexao!!!!
Precisamos urgentemente renovar a diretoria do clube e o nosso presidente pode até entender de finanças mas de futebol não entende nada e se cercou de pessoas iguais a ele e pensa que é dono do Pelotas afastando uma torcida fundamental para o clube
Isso era de colocar na porta do vestiário e em cada entrada da Boca do Lobo que os jogadores, comissão técnica e diretoria tem acesso!! Que reflexão… A mais pura verdade nua e crua!
Parabéns Lucas Canez! Acho que demonstrastes o sentimento da torcida áureo cerúlea! Obrigado por colocar em palavras, o que sinto em relação às diretorias que se sucedem no Pelotas! Eu curto o Pelotas desde criança e não queria partir sem ter conquistado um título de vulto, algo prá ficar marcado na minha história de vida! Acordem srs. diretores!!
Pela torcida que têm o Pelotas deveria se portar como a dupla Ca-ju, se não faz uma campanha boa pelo menos não fica 9 campeonato todo tentando fugir do rebaixamento. Faz muitos anos que quando vamos ao mercado, vamos buscar jogadores “à dedo” ou jogadores “vitoriosos” e no entanto o que se vê a cada ano é um fracasso atrás do outro pra não dizer coisa pior. Eu decidi não abandonar jamais mas será que a próxima geração terá a mesma insistência incansável? Tenho minhas dúvidas.
Se o clube diminuiu, que os gestores e torcedores ajam de acordo. Vibramos com marca de uniforme, copinha com adversários inexistentes no mundo da bola. Recriar uma base profissional, mantendo ou trocando conforme produtividade…buscar parcerias com clubes grandes….Parar de iludir a torcida com obras faraônicas….A torcida quer time….