Com um a menos e sem goleiro. O incrível título de 1957

 Goleiro Oscar com lesão no clássico final de 1957. O arqueiro saiu de campo aos 21 minutos do 1º tempo, deixando o Pelotas sem goleiro e com um a menos durante quase toda a partida. Com o zagueiro Duarte na meta, o Pelotas venceu o clássico Bra-Pel e conquistou o Bi-campeonato de forma heroica. 

Na tarde de 30 de outubro de 1957 o pequeno estádio Nicolau Fico, do tricolor fragatense, recebeu o seu maior publico e a cidade parou para acompanhar a decisão do campeonato. Fechadas as bilheterias, uma multidão de torcedores que ficaram de fora acompanharam os lances pelo radinho, nos passeios próximos ao campo de jogo. O regulamento do certame não permitia substituições e os onze solitários guerreiros Áureo-Cerúleos estavam escalados pelo técnico Galego no tradicional 4-3-3 para a batalha final: Oscar, Santamaria, Getúlio, Duarte, Duartinho, Cléo, Barão, Dirceu, Deraldo, Pacheco e Ney Silva. Bedeu, craque do Pelotas estava fora por lesão, Jari também era outro fora da decisão.

Melhor no jogo e a favor do vento, o Pelotas não conseguia abrir o marcador. Aos 21 minutos do primeiro tempo, numa saída arrojada, o goleiro Oscar foi atingido na cabeça por Caizé. Voltou enfaixado mas não conseguiu permanecer em campo. A partida esteve paralisada por mais alguns minutos, quando Galego mandou Duarte para a meta.

Com dez homens, o zagueiro no gol e a torcida enlouquecida, o Áureo-Cerúleo cresceu em campo. Queria o título naquela tarde e tudo ficou mais próximo quando Dirceu de cabeça, após a cobrança de escanteio, mandou o balão para as redes de Rovani. Era o improvável se desenhando naquela tarde.

No segundo tempo, sempre melhor em campo, logo aos cinco minutos Pacheco cabeceou para as redes, depois de um cruzamento da esquerda, era o segundo gol do Pelotas. De um lado explosão na arquibancada, festa, alegria e euforia. Do outro lado torcedores incrédulos e abatidos. A crônica da época registrava que daí em diante a luta do adversário com superioridade numérica, tornou-se desesperadora, mas a retaguarda do Pelotas manteve-se firme até os minutos finais da contenda, quando já nos acrecemos o adversário descontou, mas já sem chances de empatar a partida.

Mais alguns instantes e o Pelotas festejava no reduto das Laranjeiras, no mesmo local em que se sagrou Campeão de 56, o seu 4º bi-campeonato citadino. As testemunhas da época lembram-se do carnaval pela cidade, do Fragata à Avenida, quando a torcida carregou nos ombros na saída do campo do Farroupilha, os heróis da “Batalha das Laranjeiras”, comemorando o Bi-campeonato de 1957.


Os heróis do título de  1957 – Em Pé: Oscar Urruty, Santamaría, Getúlio Saldanha, Duarte, Cléo, Duartinho e o massagista Carrico. Agachados: Dirceu, Pacheco, Barão, Nei Silva e Deraldo.


Ficha Técnica
Pelotas 2×1 Brasil
Campeonato Citadino de 1957
Clássico Bra-Pel – Jogo Extra – Final
Data: 30/10/1957 
Local: Estádio Nicolau Fico

Pelotas: Oscar, Getúlio Saldanha, Duarte, Duartinho, Cléo, Santa Maria, Dirceu, Barãozinho, Nei Silva, Pacheco e Deraldo. Técnico: Galego
Brasil: Rovani, Osvaldo, Candiota, Tibirica, Seara, Cascudo, Caizé, Araguari, Negrito, Camargo e João Borges. Técnico: Chico Fuleiro.
Gols: Dirceu (30/1º) e Pacheco (5/2º) para o Pelotas. Descontando Negrito (43/2º) para o Brasil.
Detalhe: O goleiro Oscar do Pelotas, após lesão, deixou o campo aos 21 minutos do 1º tempo. Como naquele tempo não era prevista substituição, o zagueiro Duarte foi para o gol, deixando o Pelotas com um homem a menos durante quase toda a partida. 



Texto: Carlos Francisco Sica Diniz
Livro Oficial do Centenário do Esporte Clube Pelotas.

1 comentário

    • Enio Alceu Caldeira em fevereiro 15, 2020 às 12:49 am
    • Responder

    Eu tinha 9 anos e já torcia pro meu Áureo Cerulio ,e só ñ fui a este jogo porque minha mãe ñ deixou eu ir com meu tio Francisco de Paula Caldeira dono do bar da Marechal, ao lado do restaurante Gago!

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