As metáforas são dos recursos linguísticos mais corriqueiramente utilizados no discurso de qualquer indivíduo. Exprimem, traçando comparativos e à moda daquele que lhes emprega, uma visão particular daquilo que se vê e que se sente. Talvez não haja na retórica elemento mais preciso e eloquente para caracterizar um momento ou uma situação do que uma metáfora bem colocada. Recentemente, o universo nos entregou uma dessas de bandeja.
Há metáfora mais fidedigna do que é para o Pelotas disputar uma divisão de acesso do que empurrar um ônibus enguiçado de volta para o seu rumo?
Pois bem, amigos do azul e ouro, tratemos da estrada íngreme e pedregosa que nos espera no caminho de volta à elite regional, com toda a seriedade e ansiedade que a ocasião exige.
Ao rival que eventualmente se encontre por aqui perdido – conduzido pelo deboche desencadeado pelo meme instantâneo (talvez ainda desnorteado desde a viagem aos Altos da Glória), sugiro que vá perguntar o caminho de casa lá no posto Ypiranga, ou mesmo ligue a TV ao meio dia para seguir respirando o miasma de sua alienação clubista.
O Pelotas finalmente se apresentou oficialmente, com a chegada de caras novas – porém nem tão desconhecidas – à Boca do Lobo. Devido ao movimento estratégico realizado pela direção ainda antes do Gauchão, uma boa parte dos atletas já era conhecida da torcida áureo-cerúlea, pelo menos de nome. Agora, cabe aos recém chegados agregar a esses nomes uma reputação, já que é sabido por nós, que sentamos no concreto das arquibancadas da Boca há tantos anos, que o histórico pregresso é um fator pouco confiável para prever o desempenho de um jogador no Pelotas: um clube diferente pela grandeza do ideal, pelo que tem de emocional, pelo peso de envergar as cores do manto azul e ouro.
Isso posto, vale ressaltar o bom Gauchão de Eliomar, Joãozinho e Raphinha, entre outras figuras do novo Pelotas, com participações mais discretas. Ainda, Jardel e Itaqui vêm treinando em separado há mais tempo, visando adquirir condicionamento – e se o físico acompanhar a técnica, serão dois expoentes no elenco. Entre as novidades, destaca-se Bryan Jones, centroavante de muitos gols na carreira e cara de poucos amigos. Especula-se o retorno de Jarro, o qual veria como um excelente reforço, por tudo o que aporta no 1×1. São opções interessantes e variadas nas mãos de Picoli, que ainda deverá receber mais reforços, visando um Pelotas forte e competitivo.
Acima de tudo, o grande destaque da apresentação foi a torcida, que não se furtou de recepcionar em bom número o novo plantel em uma tarde chuvosa, preparando uma bonita festa na arquibancada e fazendo ecoar na Boca os cânticos que em breve serão entoados por milhares de vozes.
O primeiro adversário, o São Paulo, venceu o Farrapo por 3×0 em amistoso, e empatou o Rio-Rita em 0x0 no que era para ser um amistoso, mas que foi interrompido no intervalo devido a confusões extra-campo, as famigeradas cenas lamentáveis. Os times do Badico são conhecidos pela agressividade, com e sem a bola. É o típico adversário “encardido”, que embora não creia que busque ser dono das ações na Boca do Lobo, estará sempre à espreita para explorar o nosso erro. O fato de tratar-se de um clássico regional traz uma pimenta a mais para a partida, que já costuma ser acirrada por natureza. Um excelente teste logo de saída, para botar à prova os brios e a qualidade desse time recém formado.
Até lá, o momento é de ajuste das peças e do balanceamento da máquina azul e ouro. A chegada de vários atletas já com ritmo de jogo pode ajudar a acelerar os processos nesse começo e representar um diferencial a nosso favor. Até por isso, acredito que Picoli tenderá a aproveitar o entrosamento de Talis, Igor, Eliomar e Joãozinho, todos titulares na digna campanha do União. O Pelotas de 2019-2 jogava no 4-2-3-1, e tinha a característica de ser um time ofensivo e objetivo com a bola, cujo principal expediente eram os ataques pelos lados do campo, onde tinha laterais apoiadores e liberdade de flutuação para os extremas. O amistoso contra o São Gabriel será um bom indício do que será o time da estreia, e aos poucos poderemos compreender melhor o que planeja o treinador como modelo de jogo, sistema e escalação, embora creia que o trabalho vitorioso da Copa Seu Verardi tenha sido uma boa amostragem do repertório e das preferências do Professor.
Enfim, meus caros, chegou a hora de arregaçar as mangas e empurrar. E se tem algo que não falta ao Pelotas é a força de mãos, vozes e almas áureo-cerúleas, que há tanto tempo esperam por vestir o manto azul e ouro e tomar o caminho da Avenida para ver um jogo do Lobão.
Só com essa força, vinda da arquibancada, poderemos retomar um rumo compatível com a nossa grandeza.
O Expresso Lobão está prestes a partir nessa jornada, e cabe a nós, que amamos o Pelotas, contribuir cada um à sua maneira para que o destino final seja aquele que todos desejamos.
Pé na estrada!
4 comentários
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Estou me aproximando dos 80 anos, mas isso não será empecilho para ir na Boca do Lobo, como sempre fiz, para torcer pelo LOBÃO.
Parabéns pelo texto de qualidade.
……querem crescer mesmo ?????
Coloca os guri da zona sul no profissional , um salário e aparecer, é tudo que a gurizada precisa e quer . Ensina um drible diferente pra cada guri. , Com um drible num jogador da dupla grenal ele vai aparecer na mídia , a rádio grenal já vai falar que ele joga muito , vai ser valorizado , vende , coloca outro no lugar dele .
O dinheiro investe em mais guris , parem de contratar idosos do nordeste e são Paulo .
Os guris tem famílias, parentes, e estes irão ir pro estádio ver o guri jogar , se associar , comprar camisetas, bandeiras ,é uma bola de neve..
Se os guris não tem experiência ,,!!! Lembrem que os ” idosos” não estão levando o clube a lugar nenhum .
Abraços.
Lindo texto!
Embalados com força rumo a elite do futebol gaúcho.
Saudações Azul & Ouro
💙💛💪🏻⚽️