O futebol pode nos ensinar muitas coisas. Sua história é repleta de personagens improváveis, reviravoltas históricas, dramas, comédias e grandes vitórias. Em 115 anos de história tivemos ídolos que honraram nossa camisa e que estão eternizados por isso. Em 115 anos conquistamos inúmeros títulos. Em 115 anos nos transformamos em um clube extremamente popular, unindo todas as classes e raças. Em 115 anos, também conseguimos vitórias épicas, como a que iremos relembrar agora.
CONQUISTÁ ÉPICA SOBRE O ROLO COMPRESSOR
Em 4 de novembro de 1948, o Rolo Compressor, assim apelidado o fantástico time do Internacional naquela década, conquistou seu último título com sua formação clássica. Com a vitória por 5 a 0 sobre o Grêmio Santanense, na final do Campeonato Gaúcho, encerrava-se o ciclo de títulos daquele que é considerado por muitos como o melhor time da história do Inter. Ainda naquele ano, a equipe aplicou um estrondoso 7 a 0 no Grêmio, placar que demonstra a absurda qualidade do seu elenco.
Porém, menos de um mês antes desta conquista, o histórico Rolo Compressor teve a oportunidade de levantar mais uma taça. Tratava-se da Copa Cruzeiro do Sul, disputada em um confronto diante do Pelotas, em partida realizada no dia 12 de outubro, no Estádio da Boca do Lobo.
O Pelotas dos zagueiros Spilman e Damião, do volante Uruguaio Raul Rodriguez, que já havia defendido a Seleção Uruguaia na Copa América de 1942, onde foi titular e campeão, e dos atacantes Negrito e Apes, fez uma partida magnifica, conseguindo ser superior aos colorados durante a maior parte da partida. Não foi a vitória do acaso, foi a vitória da competência, sagrando-se o Pelotas, Campeão incontestável.
No dia seguinte, em uma matéria especial, contava assim, a Revista dos Esportes, os detalhes da partida.
O JOGO
Verdadeiramente êxitosa, sob todos os aspectos, a festa do Esporte Clube Pelotas, comemorando a passagem do seu 40° aniversário de fundacão.
Foi uma noite cheia para o futebol Pelotense. Viram os aficionados torcedores Áureo-Cerúleos, a concretização de um antigo sonho, que reflete o progresso do profissionalismo, e abrem as portas dos grandes espectáculo, com a inauguração da iluminação do Estádio da Boca do Lobo.
Em uma visão panorâmica, a partida disputada entre as duas equipes agradou em cheio. O futebol apresentado foi de primeira grandeza: rápido. tramado. produtivo. emocionante. Um choque de gigantes.
Fazendo-se um comparativo entre as duas equipes, forçoso é reconhecer a flagrante superioridade local.
O time Áureo-Cerúleo exibiu-se em uma noite de gala. Fez alarde de uma grande classe e entendimento entre todos os seus setores. Apresentou um futebol rápido, bonito e produtivo, com uma defesa segura, onde deve-se destacar o trabalho impecável da linha intermediária, integrada por Brito, Salardo e Spilman, e uma linha avançada tramando muito bem, o Pelotas dominou completamente o Internacional, principalmente na primeira fase, quando suplantou completamente o “Rolo Compressor”, técnica e territorialmente.
Dito isto, apenas resta dizer uma coisa: foi justíssima a vitória do Pelotas.
Individualmente, destacaram-se pelo lado Áureo-Cerúleo, Brito, Salardo e Spilman, com os demais no mesmo nível. Já no Colorado, Nena, Tesourinha e Carlitos foram os destaques. Arbitrou o encontro, o Sr Aparício Viana e Silva, do quadro principal da FRGF.
Destaques do Adversário:
FICHA TÉCNICA
Pelotas 3×2 Internacional
Taça Serviços Aereos Cruzeiro do Sul
Inauguração Iluminação na Boca do Lobo
Data – 12/10/1948
Boca do Lobo, Pelotas
Público: 6 551
Renda: Cr$ 60.319,00
Árbitro: Aparício Viana e Silva
Pelotas: Carneirinho, Nono, Dodo, Spilman (Soares), Damião, Salardo (Rui), Brito, Raul Rodriguez, Hormar, Apes e Negrito. Técnico – Tristão Garcia.
Internacional: Ivo, Nena, Ilmo, Alfeu, Viana, Abigail, Villalba (Leônidas), Roberto, Beresi (Adãozinho), Tesourinha e Carlitos. Técnico – Carlos Volante.
Gols: Negrito, Apes e Damião para o Pelotas. Roberto e Leônidas para o Internacional.
Fotos: Revista dos Esportes – Acervo do Arquivo Lobão.