Inter 3×1 Pelotas

Dá-lhe.

Pode parecer clichê, mas enfrentar a dupla grenal – principalmente fora de casa – é geralmente uma situação em que se entende uma derrota. Nunca se pode aceitar derrota nenhuma, mas a gente entende. Só que há formas e formas de perder. Poderíamos até mesmo ter levado 3 do Inter dentro de um jogo aceitável. Mas não foi o caso.

Diferente da partida contra o Novo Hamburgo onde passou a sensação de que o time achou que ia ganhar de qualquer maneira e quando a bola não entrou e viu que tava entrando na roda, acabou ficando extremamente nervoso e deixando a bola queimar estranhamente no pé em cada passe, por mais simples que fosse. Dessa vez não houve nervosismo, não houve correria errada, não houve nada de mais. E é aí que mora o problema, o Pelotas não existiu nesse jogo. Eram quase 40 minutos do 2º tempo, perdíamos por 3×1 e o Douglas perdia quanto tempo em cada tiro de meta? Por quê?

Voltando ao começo da partida – nem tão começo assim, afinal muita gente entrou atrasada no jogo porque a brilhante direção colorada colocou somente 2 bilheteiros pra atender uma demanda que iria chegar acumulada – e nossa postura foi tão abaixo do esperado que é difícil encontrar uma palavra que não seja mal educada pra postar aqui. Um time completamente retraído, esperando o Inter lá atrás, só com o Guedes e o Tadeu tentando pressionar um pouco e deixando eles tocarem a bola até a última linha. Tu te retrair e pressionar na tua intermediária até pode ser uma forma de jogar, nem que seja uma parte do jogo. Mas não foi isso que aconteceu, o Pelotas marcou longe o tempo todo e o campo todo, dando espaço pro adversário tocar a bola à vontade e isso criou o que a gente chama de “roda”. Como o marcador tá longe, quando o cara recebe a bola, ele recém tá chegando pra marcar, nisso quem recebeu já deu o toque de primeira e fica todo mundo parecendo um monte de criança em campo.

Fora questão tática, fora questão técnica, fora questão física, o comportamento do Pelotas foi absolutamente fora do padrão e até desrespeitoso com quem viajou até lá. Um time apático, sonolento, sem interesse na vitória. Desperdiçando cada bola parada de forma risível. Com o respeito devido, ressalto que a dupla de zaga continua – como sempre – se doando de forma integral, assim como o Felipe Guedes. O Tato também tenta, mas não consegue porque está sem força. E ontem o Tadeu enquanto teve perna tentou pressionar.

O fato é que antes de analisar qualquer situação individual ou até tática, o time precisa correr mais um pouco. Ou bem mais. E mais do que correr, precisa ter concentração, foco, determinação em executar as jogadas. E também em marcar e pressionar sem a bola.

A grande diferença pra 2014 é que hoje o Pelotas tem os salários absolutamente em dia – já faz um bom tempo – a estrutura interna é organizada, o Tiago Gaúcho teoricamente sabe fazer essa leitura e o presidente tem pulso. Por isso não precisa se desesperar ainda. Ainda. Mas que o sinal de alerta está ligado de que algo está fora do prumo no vestiário, disso ninguém tem dúvidas. Poderíamos discutir mil e uma questões táticas ou técnicas da equipe, mas me parece que ninguém está jogando nem perto do seu limite pra que essas situações estejam sequer perto do que poderiam. Quando começarem a jogar a gente começa a entender.

*Em jogos mais “importantes” vai ser comum darmos notas por aqui, vamos tentar:

Douglas – 4 – Nos outros jogos passou a sensação de muita segurança. Nesse nem tanto. Errou em 2 saídas de bola e também no primeiro gol deu todo o canto pro Edenilson. Mas principalmente, com o time perdendo, o comportamento era como se estivéssemos ganhando, foi irritante.

Osvaldir – 3 – Parte da torcida acha que ele não joga bem. Eu, sinceramente, não sei. Desde o início parece que tem uma parede na frente dele na intermediária do adversário. Ele vai até ali e não passa daquilo. Falta foco, dedicação ou pelo menos tentar passar a impressão que está interessado. Não constrói nem destrói.

Negretti – 6 – Se doa o tempo todo e aperta a marcação o máximo que pode. Tem algumas falhas técnicas com a bola no pé na hora de sair com ela, mas na questão defensiva resolve o problema. Se o resto do time correr mais, ele vai ficar menos exposto.

Felipe Chaves – 7 – Como o companheiro de zaga, não deixa dúvidas que está interessado em melhorar as coisas. Como tem velocidade e explosão, acaba se destacando mais nas jogadas no 1 contra 1. Segundo ano seguido que faz gol no Inter no Beira-Rio, diferente do ano passado, nessa foi uma cabeçada firme.

Tato – 5 – Tato faz o feijão com arroz sempre. Em 2018 que estava bem fisicamente, foi, junto com o Germano, o jogador mais regular na segundona. Marcação firme e constante, ajudando na construção. Mas sem força como está agora, o arroz com feijão fica simples de mais, sem sal nem tempero. Tanto é que no segundo tempo o Picolli puxou ele pra dentro pra não ficar tão exposto na correria.

Thiago Costa – 4 – Absolutamente apagado. O que é estranho, afinal um volante de marcação jogando contra um grande fora de casa, deveria ter aparecido bastante. Diferente daquele volante que botou a bola embaixo do braço e foi o melhor em campo na final, não ajudou em nada. Me parece atrapalhado pelo sistema.

Matheus Santana – 3 – Ninguém caiu tanto quanto ele da Copa pra agora. Como volante que fazia o vai e vem, ele aparecia na frente, ajudava atrás e tava sempre em evidência. Totalmente prejudicado pelo sistema mas também por ele mesmo, errando passe à rodo.

Felipe Guedes – 6 – Foi o seu pior jogo desde que chegou e mesmo assim talvez tenha sido quem mais tentou dar bote e pressionar a bola. E ele sabe fazer isso muito bem, dá a distância correta e espera o momento certo pra roubar. Depois foi pra lateral direita e desapareceu. Precisa de um parceiro pra ajudar ele nessa situação.

Juliano – 5 – Como o Guedes, fez seu pior jogo até então. Não conseguiu executar nada e nas poucas vezes que teve a bola, era um mar vermelho ao redor.

Hugo Sanches – 5 – Ainda não voltou do CRB, né? Como o Juliano, não há dúvida que tem bola no corpo e pode nos ajudar muito, mas quando?

Tadeu – 5 – Sem a bola ajudou mais que a média, apesar de parte da torcida não gostar dele, enquanto teve perna, tentou tirar um pouco de espaço de quem tinha a bola. Quando o time começar a jogar e a bola começar a chegar, dá pra analisar a questão técnica.

*Dos que entraram, não dá pra dar nota. Apenas ressaltar que o Gabriel Soares e o Wallacer merecem jogar mais, de preferência começando a partida. O Gabriel pela intensidade, sendo um bom parceiro pro Guedes. E o Wallacer pela qualidade e, principalmente, porque sua bola parada é muitíssimo bem executada e dá retorno alto.

2 comentários

    • RANGEL em janeiro 28, 2020 às 1:42 am
    • Responder

    Não precisa jogar futebol. Apenas corra 90 minutos á tarde num Domingo contra um tal de Grêmio. Numa temperatura árida. Corra na quarta feira mais 90 minutos. Ou simplesmente entre e corra no gramado da Boca do Lobo, sinta a grama segurar sua perna. Impossível eu transcrever a fisiologia e fadiga muscular em poucas linhas. Como é tóxica a rede social, mas é democrática. E isso eu respeito.

    • Marcio em janeiro 28, 2020 às 2:10 am
    • Responder

    Perfeito Baldasso do Lobo!! Hehehe Sempre é bom ler teus comentários. Ouso discordar apenas da suposta falha do goleiro no primeiro gol. No início tive a mesma sensação que vc, mas se observar em camêra lenta, o reflexo do goleiro foi perfeita… se ele chutasse a bola da meneira como a jogada estava desenhada o goleiro poderia ter pego. O Edenilson, saviamente, tirou a força do chute e deslocou o goleiro. Forte abraço!!

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