Em fevereiro de 2020, Eldor Stigger deixava o hospital de Erechim recuperado do maior susto de sua vida. Dias antes, em 29 de janeiro, o ônibus em que estava, com outros torcedores do Pelotas, tombou na saída da cidade do norte gaúcho, logo no começo da viagem de volta após o jogo de seu time diante do Ypiranga. No acidente, ele foi quem teve mais ferimentos: fraturas em oito costelas e na vértebra T-9, com perfuração no pulmão. Chegou a ficar na UTI. Por tudo isso, é como se Eldor Stigger tivesse completado um ano. Mas na verdade, completou 90.
Plenamente recuperado, ele conversou com GZH pelo telefone, no intervalo do almoço em sua casa, em Pelotas.
Sr Stigger! Quanto tempo! Como estão as coisas?
Bom dia! Olha, poderiam estar melhores, né?
Verdade. Mas como está o sr?
Estou bem. Fico me cuidando, não tenho problemas de saúde. Estava trabalhando agora. Sabe por quê? Para não morrer tão cedo.
Estava trabalhando no quê?
No que sei, consertando caminhão. Agora estou com 90 anos, claro que não consigo mais trabalhar naquele ritmo de antes, mas vou lá na oficina, fico duas, três horas de manhã, mas duas ou três horas de tarde.
Como tem sido esse ano?
Está ruim, não podemos encontrar as pessoas, não pode ir a jogo. Sinto muita falta disso. Quero que passe porque vou continuar indo nas excursões, na arquibancada.
Pois então, como tem feito para acompanhar o Pelotas?
Converso com as pessoas, me informo. Tentei ver um jogo escondido na Boca do Lobo, mas me correram de lá.
Mas ouviu os jogos no rádio, viu pelo celular?
Não! Rádio aqui não dá para escutar, são todos xavantes (risos).
Matéria de Rafael Diverio