O Vasco da Gama, conhecido na época como o Expresso da Vitória, foi base da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950. Além do técnico Flávio Costa, dos 11 atletas que entraram em campo na Boca do Lobo, 8 foram convocados para defender a Seleção na Copa do Mundo.
Um jogo histórico. Assim podemos definir o confronto entre o Pelotas e Vasco da Gama, Campeão Sul-Americano de 1948 e Campeão Carioca de 1949. O expresso da vitória, como o Vasco ficou famoso ainda na década de 40, veio a Pelotas com força máxima.
Comandados pelo técnico Flávio Costa, que também era o comandante da Seleção Brasileira, que disputou a Copa do Mundo, oito meses após o confronto na Boca do Lobo, o Vasco da Gama trouxe a Pelotas grandes nomes do futebol mundial. Dos atletas que enfrentaram o Pelotas no dia 16 de outubro daquele ano, oito foram convocados pela CBD, atual CBF, para defender o Brasil na Copa do Mundo de 1950. Eram eles, o famoso goleiro Barbosa, os zagueiros Augusto e Ely, os meio campistas Danilo e Alfredo, e os atacantes Ademir de Menezes, Maneca e Chico.
Com a Boca do Lobo completamente lotada, inclusive batendo o recorde de público dos estádios do interior até então, o Pelotas conseguiu se superar e fazer uma partida equilibrada contra o poderoso Cruzmaltino, inclusive estando na frente do placar, quando fez 2 a 1, já na segunda etapa do confronto. Infelizmente para os Áureo-Cerúleos, os cariocas conseguiram retomar a partida, e virar o placar para 3 a 2, garantindo a vitória.
A PARTIDA
O Vasco defrontou-sem está tarde, com o Esporte Clube Pelotas e venceu pela contagem de 3 a 2, perante numerosissimo público, que produziu uma rende estimada em mais de 150 mil cruzeiros, record local.
Não foi sem esforço que o Vasco conseguiu honrar seu favoritismo. Lutando com superior denodo, o Pelotas em nenhum momento se deixou influenciar pelo cartaz de seu antagonista, ao qual ofereceu, sempre, luta renhida e igual, tendo, inclusive, chegado a se colocar em supremacia no marcador, depois de anular uma vantagem do Vasco.
Mas, como era de esperar, o líder Carioca terminou por impor sua melhor classe, muito embora houvesse sentido a necessidade de fazer alterações em sua equipe para dominar a resistencia contrária. Assim é que, na fase final, Heleno de Freitas foi retirado para dar entrada a Ademir de Menezes, o Queixada, ao tempo que Chico cedia seu posto a Ipojucan que, por sua vez, foi substituido, na meia direita, por Maneca.
O primeiro tempo terminou com o empate de 1 a 1, com gols de Ipojucan para o Vsco, e Apes, para o Pelotas. Este que marcara, antes, outro tento para o Pelotas, que, porém, não foi validado pelo juiz. No segundo tempo, o Pelotas colocou-se em vantagem com um gol de Tejera. Novamente Ipojucan marcou para o Vasco, empatando e, finalmente, Lima veio a obter o gol da vitória do Vasco. Oswaldo Rola foi o juiz, tendo sido satisfatória atuação.
Matéria publicada pelo Jornal O Globo – RJ, no dia seguinte a partida.
OS QUADROS – FICHA TÉCNICA
16/10/1949 – Pelotas 2×3 Vasco da Gama
Local: Estádio da Boca do Lobo
Data: 16 de outubro de 1949
Horário: N/I
Motivo: Amistoso
Ficha Técnica:
Pelotas: Joãozinho, Damião, Spillman, Nônô, Bexiga, Geninho, Apes, Cleto, Pacheco, Martiarena e Tejera. Tec: Antonio Fierro.
Vasco da Gama: Barbosa, Augusto, Laert, Eli, Danilo, Alfredo, Nestor, Ipojucan, Heleno de Freitas (Ademir de Menezes), Lima (Maneca) e Chico. Tec: Flávio Costa.
Gols: Ipojucan 2x e Lima (Vasco), Apes e Tejera (Pelotas)
Renda: Cr$ 166.000,00
Arbitragem: Oswaldo Rola
Cartões: N/I
O MAIOR ACONTECIMENTO DO ANO
Dos mais grandiosos para o esporte Pelotense tem sido o ano de 1499. Inumeras iniciativas de vulto foram concretizadas por diversos de nossos principais clubes.
Incontestavelmente, a maior de todas foi a vinda, em outubro, do quadro de futebol profissional do glorioso Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, conjunto esse que, desde 1947, é um dos maiores cartazes do futebol mundial.
Sim, porque, afinal, o Vasco não venceu apenas aqui no Brasil e na América do Sul, triunfou também, e causando belissima impressão, em Portugal e Espanha. Portanto, ganhou projeção em todo o mundo. E que projeção!
Até hoje, aos feitos internacionais do Clube de Regatas Vasco da Gama, só podem ser comparados aqueles que, em 1925, obteve, em campos europeus, o extinto Club Atlético Paulistano, de São Paulo.
Por outra parte, considerando-se tais fatos, já seria uma grande conquista, partisse de quem partisse, trazer a Pelotas o famoso conjunto de profissionais do Alvi-Negro.
Mas, outros fatores tornavam ainda maior o feito do promotor de sua vinda: a presença de seis campeões sul-americanos, alem de contar com o antigo dono do centro do ataque nacional, Heleno de Freitas, o galã irritante, o fato de Ademir de Menezes, uma de suas mais notaveis estrelas, ser o artilheiro-mor do campeonato carioca, bem como o de Maneca, então, e ainda, o maior atacante do Rio, ser o terceiro artilheiro carioca de 1949. E, não esqueçamos, a presença do consagrado e discutido Flávio Costa, há bons anos o técnico da Seleção Brasileira.
Assim, esse foi o Clube de Regatas Vasco da Gama que nos visitou: uma glória do esporte nacional e nos apresentando todos os titulares de sua esquadra profissional de balípodo.
Sua visita a devemos ao Esporte Clube Pelotas, entidade que muito há feito pelo esporte pelotense, desde seus primeiros anos de vida, bastando recordar que, fundado em 1908, a 11 de outubro. Já em 1910, trazia a Princesa do Sul um representante fo futebol Argentino, o gigante Club Atlético Estudiantes, de Buenos Aires, e em 1911, o primeiro selecionado Uruguaio que visitou o Brasil, jogando sua partida inicial nesta cidade, pois só em agosto os orientais atuaram em São Paulo.
O Esporte Clube Pelotas, alias, com justo motivo, se sentiu orgulhoso quando viu concretizado seus grande intento e maior ainda foi seu orgulho quando constatou que a visita do Clube de Regatas Vasco da Gama deixará se ser um simples acontecimento esportivo, para tornar-se no maior acontecimento esportivo-social da cidade.
Foi, sem dúvida, algo de extraordinario o que fez o veterano pelotense. A visita dos cruzmaltinos se constituiu num sucesso absoluto. Completo e magnanimo em todos os sentidos.
Texto sobre a partida, publicada pela Revista Esportiva, em novembro de 1949.
Destaques do Adversário:
Abaixo mais registros da partida
1 comentário
ISSO É UM ARQUIVO VIVO DA HISTÓRIA DO FUTEBOL DO INTERIOR DO RGSUL.
PARABÉNS. MUITO BOM MESMO!