No dia 25 de agosto de 1940, após estar vencendo por 3 a 0, os Uruguaios viram o Pelotas crescer na partida e marcar dois gols no inicio da segunda etapa. Foi quando aos 31 minutos de partida, o jogador Camaiti, do Club Atlético Peñarol, saiu de campo lesionado, sendo esse o motivo declarado pelos Uruguaios para os seus jogadores se retirarem de campo, para consternação de todos os torcedores presentes ao estádio, assim como para a imprensa gaúcha que cobria com grande interesse a partida. No Jornal Diário de Noticias, a crônica da capital tratou a atitude do Peñarol como Varzeana.
Após a confusão, o Pelotas mesmo contrariado entregou de forma cortês as medalhas e a Taça Batista Luzardo, aos jogadores Uruguaios, que por sua vez, no almoço oferecido pelo Áureo-Cerúleo, reconheceram o erro e a falta de desportividade, considerando o Pelotas, de fato e direito, o vencedor da partida.
A imprensa da Capital, com enorme interesse, noticiava nos dias 24 e 25 de agosto a chegada do poderoso Club Atlético Peñarol, que até aquela data já contava com 14 Títulos Nacionais e que nos anos seguintes viria a se tornar Penta Campeão da Copa Libertadores da América e Tri Campeão Mundial.
O Pelotas que já havia conquistado o Bicampeonato Gaúcho nos anos de 1911 e 1930, aguardava com ansiedade o confronto com o Peñarol. O Rio Grande do Sul parou para acompanhar o confronto entre o Áureo Cerúleo Gaúcho, contra o Carbonero de Montevidéu.
Na matéria do dia 26, o Jornal deu destaque para o confronto: Peñarol não foi ao final da luta! Sem duvidas um dos maiores vexames na história do Clube Uruguaio.
VARZEANO! Assim foi chamado o time do Peñarol pelo jornal Diário de Notícias.
Matéria na integra:
PEÑAROL NÃO FOI AO FINAL DA LUTA
CONTUNDIDO, CAMAITI ABANDONA O GRAMADO
Três tentos fizeram os Uruguaios e dois assinalaram os Pelotenses
Entregue aos visitantes a Taça Batista Luzardo
PELOTAS, 26 – A cidade se engalanou com a visita do Club Atlético Peñarol. Desde cedo as dependências do Estádio da Avenida Bento Gonçalves foram se lotando, apesar da “garoa” que caia sobre a “Princesa do Sul”. Muito antes da hora da entrada dos quadros em campo, as instalações do Esporte Clube Pelotas estavam ocupadas.
A partida se dividiu em duas fases distintas. A primeira, indiscutivelmente, transcorreu a favor dos visitantes. Demonstrando belo padrão de jogo, os uruguaios dominaram. Três vezes atingiram as redes confiadas á guarda de Alcides. Varela (2) e Orlando (1), foram os autores das conquistas dos orientais. Varela firmou-se como grande craque. O trabalho da equipe visitante entusiasmou a torcida, que não regateou aplausos.
No período complementar, que transcorreu sob copiosa chuva, o campo se tornou mais pesado. Os lances foram violentos. Os locais, reagindo, descontaram, aos 15 minutos, por intermédio de Eugênio. Minutos mais tarde, Marzol diminuiu a diferença. Em face de um acidente com Camaiti, o jogo se interrompeu, não mais sendo reiniciado. faltavam 14 minutos.
ENTREGUE A “TAÇA BATISTA LUZARDO” E AS MEDALHAS
Num gesto de fidalguia, o Esporte Clube Pelotas procedeu a entrega da Taça Batista Luzardo, intitulada pelo nosso embaixador em Montevidéu, bem como as medalhas, ao valoroso Peñarol. Houve troca de discursos.
Os chefes da missão visitante: Omar Rossi, chefe da delegação, e Angel Cantero, secretário, foram cumulados de atenções.
REGRESSAM HOJE OS URUGUAIOS
Pelo trem, a embaixada do Peñarol regressará, rumo a Jaguarão, onde tomará o carro motor em Rio Branco. No clube Comercial, os visitantes foram obsequiados com um almoço, que transcorreu num ambiente de alta cordialidade. Fizeram-se ouvir diversos oradores.
Como convidado de honra do Pelotas, veio o desportista Juan Alonso Mintegui, que muito colaborou para a visita do Peñarol á “Princesa do Sul”.
A atuação de Teotônio não agradou aos uruguaios, sobretudo no segundo período, quando se mostrou tolerante com as jogadas bruscas.
O PEÑAROL ABANDONOU O CAMPO
Realizou-se em Pelotas o encontro entre o Peñarol, de Montevidéo e o Club de Pelotas. Os jogadores Uruguaios ali chegando em carro motor, tendo tido festiva recepção. O jogo desenvolveu-se acidentado. O half Garcia, do Peñarol, fez um violento foul em Caimaiti, que reagiu, contundindo aquele. Explica-se que o jogo se tornou violento pelo estado do campo, encharcado pelas chuvas. Alegando ter de jogar no próximo domingo em Montevidéu, com o Nacional e para que os seus jogadores não ficassem machucados, retiraram-se os Uruguaios do campo, faltando 18 minutos para o fim do tempo. Declarando, entretanto, que consideravam victoriosos os Pelotenses. No primeiro tempo, terminou o jogo em 3 a 0 a favor do Peñarol, mas, no segundo tempo houve uma forte virada em favor do Pelotas, que muito desnorteou o esquadrão visitante. O Peñarol teve duas vezes furada a sua cidadela. Estando o jogo 3×2, resolveu então deixar o campo, sob protestos do publico, que não achou muito spotivo o procedimento dos visitantes. O jogo dos Uruguaios agradou muito no primeiro tempo.
- Jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro
Destaques do Adversário:
VITÓRIA ÁUREO-CERÚLEA
Após fiasco Uruguaio, Pelotas vencedor da partida. Resumiu o Jornal O GLOBO, do Rio de Janeiro.
25/08/1940 – Pelotas 1×0 Penharol-URG (Boca do Lobo) Taça Batista Luzardo
–> 2×3 até aos 31 minutos do 2º tempo – Pelotas 1 a 0 no W.O
Ficha Técnica:
Pelotas: Alcides, Lamas, Vaz, Garcia, Birilão, Miguel, Dom Pedrito, Perez (Marzol), Arruda, Eugênio e Pardal.
Peñarol: Barros, Clulow, Prade, Zunido, Palermo, Raul Rodriguez, Orlando, Vasquez, Naon, Varella e Camaiti.
Arbitro: Teotônio Brasil.
Gols: Varella (2) e Orlando para o Peñarol – Eugênio e Marzol para o Pelotas
Fontes:
Jornal do Dia – Porto Alegre-RS
Jornal Correio da Manhã – Rio de Janeiro-RJ
Jornal O Globo-RJ
Livro, o Futebol em Pelotas