Marcial, o artilheiro da decisão de 1930

Bordini, Dias, Grant; Coi II, Marcial, Tristão; João Pedro, Torres, Tutú, Mário Reis e Chico. Assim o Pelotas entrou no gramado do Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre, no dia 29 de março de 1931, para decidir com o Grêmio, quem conquistaria o título de Campeão Gaúcho da temporada de 1930.

Aquela edição ficaria marcada na história do Futebol Gaúcho, porque pela primeira — e última vez — um time se retirou do gramado, desistindo da disputa durante o confronto. Fato inédito até hoje, marcando a decisão entre Pelotas e Grêmio, como o jogo mais tumultuado da história do futebol do Rio Grande do Sul.

No jogo realizado em Porto Alegre, após a marcação de uma penalidade para o Pelotas, o Grêmio se retirou de campo. Com a decisão Gremista, restou ao árbitro dar sequência ao jogo, e com a cobrança convertida por Marcial, o artilheiro daquela decisão, e o empate em 3 a 3, a arbitragem confirmou a vitória do Pelotas. A festa que começou em Porto Alegre e se estendeu até a Princesa do Sul, só terminaria dias depois, com a confirmação da Federação Gaúcha de Futebol (F.R.G.D), declarando o Áureo-Cerúleo como vencedor da partida, e consequentemente do campeonato, selando o título estadual do Esporte Clube Pelotas . Em consequências da desistência, o Grêmio foi multado e advertido pela Federação Riograndense (FRGD) e pela Confederação Brasileira (CBD).

Mesmo com a presença do craque Mário Reis, entre outros grandes jogadores de grande importância na história do Lobão, naquela decisão um jogador acabou ganhando um destaque especial, e cravou para sempre seu nome na história do Pelotas — Marcial Duarte — que marcou dois, dos três gols assinalados pelo Pelotas na decisão, (ainda se contabiliza mais um, decretado pelo tribunal desportivo), foi decisivo na conquista histórica do Pelotas, na capital gaúcha.

Nascido em Pinheiro Machado, Marcial defendeu o Pelotas entre as temporadas de 1928 a 1933, quando se transferiu para o Rio de Janeiro, onde defendeu o Fluminense de 1933 a 1940. Após pendurar as chuteiras, Marcial seguiu vivendo no Rio de Janeiro até 1989, quando acabou falecendo.

Diario Popular – Acervo pessoal de Gladys Cardoso

FICHA DO ÍDOLO

Marcial Duarte

Nome: Marcial Galdino Duarte

Nascimento: 18/04/1908

Local: Pinheiro Machado

Falecimento: 30 de março de 1989

Local: Rio de Janeiro

Posição: Meio Campo

Clubes: Pelotas (1928 a 1933) e Fluminense-RJ (1933 a 1940 )

Pelo Pelotas, Marcial sagrou-se Bi-Campeão da Cidade e Regional, nas temporadas de 1930 e 1932, e Campeão Gaúcho em 1930. e Vice Campeão Gaúcho em 1932. Já pelo Fluminense, Marcial conquistou os títulos do Campeonato Carioca de 1936, 1937, 1938 e 1940, alem da Copa Rio-São Paulo de 1940. Também sagrou-se Campeão Brasileiro de Seleções, quando defendeu a Seleção Carioca em 1935.

A DECISÃO DE 1930

GRÊMIO 3×4 PELOTAS

Ficha Técnica:

Grêmio 3×4 Pelotas – Estádio dos Eucaliptos

Data: 29/03/1931

Local: Eucaliptos, em Porto Alegre

Arbitro: Ernesto Fortes

Grêmio: Lara; Dario, Sardinha; Linck, Poroto, Russo; Coro, Amancio, Luiz Carvalho, Foguinho e Nene.

Pelotas: Bordini, Dias, Grant; Coi II, Marcial, Tristão; João Pedro (Benjamin), Torres, Tutú, Mário Reis e Chico.

Gols: Nenê (2) e Foguinho (Grêmio) – Marcial (2) e João Pedro (Pelotas)

OBS – O 4º gol do Pelotas, foi uma decisão da FGF, no tribunal de justiça desportiva, declarando o Pelotas vitorioso no confronto e consequentemente da competição, conforme o Livro dos 100 anos da Federação Gaúcha de Futebol.

Poster do Campeão Gaúcho de 1930: Marcial é o terceiro da direita para a esquerda. – ARQUIVO LOBÃO

Card de Marcial Duarte na galeria de ídolos do Pelotas

Medalha do Prêmio Guilayn de 1929 e a Medalha de Campeão Brasileiro de 1935 – Acervo da Família, enviado por Graziela Duarte, filha de Marcial Duarte.



2 comentários

  1. Que belo trabalho esse do Arquivo Lobão. Moro fora do estado a 9 anos mas sigo acompanhando o glorioso sempre, não perco um jogo, e uma das melhores coisa que temos hoje, sem dúvidas é o arquivo lobão. Aqui encontramos tudo sobre o clube, informações, transmissões e história. Muitos times de ponta não possuem um trabalho desse nível, nós temos que valorizar. Parabéns pessoal, sigam o projeto porque é motivo de orgulho pra quem ama o Pelotas. Uma pena o clube não fazer sua parte

      • Graziela Duarte em fevereiro 23, 2022 às 10:11 am
      • Responder

      Fiquei super emocionada com o trabalho do Arquivo Lobão. Espetacular! Tenho razão especial para isto, pois sou Graziela Duarte, filha do Marcial, pai maravilhoso! Tenho repassado a matéria para os netos e bisnetos, que estão encantados! Papai passou a vida toda falando do E.C. Pelotas. Amava comprar camisas com o azul e o amarelo. Penso que nunca veio completamente para o Rio. Uma grande parte dele ficou por aí. Gratidão é o que sinto pelo Arquivo Lobão e pelo Pelotas. Obrigadíssima!

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