No inicio do século passado o futebol era bem diferente do que é hoje, e negros e pobres não podiam participar facilmente de qualquer clube. Em Pelotas os tradicionais Pelotas, Brasil, Farroupilha, entre outros clubes pertencentes à Liga Pelotense de Futebol (LPF) na época, não contavam com atletas negros e de periferia em seus quadros até pouco antes da metade da década de 20. Sendo assim os negros e pobres dessa cidade fundaram a Liga José do Patrocínio, onde o futebol da periferia se desenvolveu de 1919 até 1936, quando, após a abertura do futebol para todas as classes, não resistiu e acabou extinta.
Pouco antes disso, o Pelotas abriu suas fileiras para o primeiro jogador negro vestir o Manto Áureo-Cerúleo. O nome dele era Borches, o zagueiro que atuou no Esporte Clube Pelotas nas temporadas de 1924 até 1929, onde foi titular absoluto nas seis temporadas em que defendeu o clube, quebrou barreiras e ajudou o Pelotas a conquistar um lugar de respeito no Futebol Gaúcho.
Pelo Pelotas, Borches conquistou os títulos citadinos de 1924, 1925 e 1928, além da Taça Internacional Cidade de Pelotas em 1924, os Torneios Inícios de 1927 e 1928, a Taça Argentina e a Taça Chevrolet, ambas em 1928, e a Taça Getúlio Vargas de 1929.
Após Borches, o Pelotas contou com o atacante Pepito, em 1937 e 1938, retornando em 1942 até 1945, e o meio campista Dirceu em 1938 e 1939. Após os primeiros nomes, o futebol se popularizou e a presença de negros nos clubes se tornou cada vez mais frequente. De lá pra cá, diversos ídolos surgiram na Boca do Lobo, como Bedeu, Getúlio Saldanha, Deraldo, Walmir Louruz, Flávio Minuano, Juarez, Delcio, entre outros tantos gigantes na História Áureo-Cerúlea.
20 de Novembro, dia da Consciência Negra!
Poster do Pelotas Campeão da Copa Getúlio Vargas, com Borches na equipe.
Foto: Borches perfilado com o time, antes da partida contra o Grêmio, em Porto Alegre, em 1929
